
A Associação Bahiana de Imprensa (ABI) divulgou nota se posicionando contra a demissão do jornalista Aguirre Peixoto do jornal A Tarde. A nota assinada pelo presidente da entidade, Samuel Celestino, classificou o caso como um “retrocesso descabido”. Leia a nota na íntegra:
“A Associação Bahiana de Imprensa (ABI), pela sua Diretoria, fiel às suas tradições que remontam aos princípios erigidos por seus fundadores, vem a público lamentar o episódio envolvendo o jornal A Tarde e a demissão do jornalista Aguirre Peixoto, que impactou a classe dos jornalistas da Bahia. Entende a entidade que nenhuma força – econômica, política ou social – se impõe sobre os valores maiores dos homens livres. À frente de tais valores, se agiganta a força da liberdade de imprensa, da livre expressão, do livre dizer, do direito de informar e de ser informado. Em uma síntese, é nesse conjunto de valores que se sustenta a democracia, essência que alicerça os homens iguais. A ABI lamenta e entende o fato como um retrocesso descabido, que se registra, justamente, quando a imprensa baiana está prestes a completar 200 anos de existência e tem sido, no decorrer do tempo, uma intransigente defensora das liberdades dos cidadãos e da democracia. O episódio desmerece a luta empreendida pela imprensa livre desta terra, que sempre encontrou no povo da Bahia o seu principal aliado e defensor”.
SINJORBA
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia (SINJORBA) também se posicionou:
"A diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia (SINJORBA) protesta veementemente conta a demissão de Aguirre Peixoto, que, já é alvo de ações judiciais, criminais e cíveis, por sua coragem em denunciar erros e atentados contra o meio ambiente na cidade de Salvador em reportagens publicada sobre a construção do Centro Tecnológico do Governo do Estado, na Avenida Luis Viana Neto (Paralela), numa forma de punição por enfrentar forças tão poderosas. Agora vem o golpe final, desferido justamente pelo Jornal A TARDE, a empresa a que inicialmente autorizou a publicação do material e que deveria protegê-lo de todas as formas para que não maculasse sua história quase centenária, como representante dos interesses da sociedade baiana.
Fazer jornalismo é uma opção muito difícil na vida de qualquer pessoa, apesar de todo o glamour que cerca nossa profissão. É preciso ter uma paixão incrível pela vida, pelos indivíduos e principalmente pela verdade. E nem sempre o retorno é agradável e positivo, fazendo com que muitos desistam. Nos últimos anos a redação de A TARDE vem sofrendo todo tipo de pressão interna, como o objetivo de adequar a reportagem a interesses comerciais e de marketing. Nada poderia estar mais distante do que fazer o bom jornalismo, onde precisamos nos colocar ao lado dos reais interesses da sociedade.
Nessa batalha vimos muitos bons colegas serem retirados sob os mais variados argumentos. Mas, para a surpresa dos encarregados de comandar essa operação de aviltamento e acovardamento dos jornalistas, a cada nova leva de jovens contratados, difícil é não encontrar quem não tenha em si o gérmen da busca constante pelo que é certo e pelo que atenda ao real interesse da sociedade. Agora, retiram da redação um desses novos colegas, numa demonstração de que é preciso cortar rebentos cada vez mais novos, contaminados pelo bom fazer jornalístico que inclui as palavras ética, coragem, profissionalismo.
Ninguém abraça essa profissão para ter uma vida normal, mas sim para fazer a diferença num mundo onde o individualismo pesa, mas onde nunca foi tanto necessário combater as pressões comerciais e publicitárias que tentam modificar nosso jeito de viver, sem pesar as consequências para nosso futuro próximo. Nosso colega Aguirre Peixoto está passando pela prova de fogo que todos nós jornalistas, passamos em algum momento de nossas vidas e sai vitorioso, preparado para as novas batalhas, que, como profissional competente que vem se mostrando, buscará a cada momento de sua trajetória profissional que está apenas começando.
Salvador, 08/02/2011.
Marjorie da Silva Moura
Presidente do SINJORBA "
Um comentário:
Neste caso da Bahia tem muito mais lama que voçes pensam ; as grandes construtoras compraram os vereadores na época da votação do PDDU ( novo Plano Diretor ) para ocuparem áreas de preservação permanente-APP's . Mas se deram mal , pois feriram leis federais ( código florestal , lei da Mata Atlântica ) . Então começaram as multas e embargos do Ibama nas obras ilegais das empreiteiras de Carlos Suarez , que no caso da reportagem deste exemplar jornalista tocou numa obra que também é do Governo do Estado ( a Tecnovia ). As relações entre o grande empresário e o governador assustam , pois Suarez foi o maior financiador da campanha eleitoral do governador reeleito em Outubro de 2010. E o reporter tocou na ferida aberta e foi quem pagou o pato. Só que as grandes construtoras não contavam com a digna reação dos colegas do jornalista que se uniram , pois deste jeito todos teriam que se dobrar aos interesses financeiros , e suas carreiras estariam indo para o ralo . Parabéns a todos que disseram não aos conchavos e negociatas entre os Jornais da Bahia e os grandes anunciantes do mercado imobiliário.
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