quarta-feira, 31 de agosto de 2011

SEMINÁRIO REALIZADO PELA CÂMARA NÃO CONTEMPLOU SEU OBJETIVO

O Seminário foi conduzido de forma em que só os atuais


mandatários da cidade monopolizaram a palavra



O Seminário "Alternativas de Expansão Territorial – Venha Discutir sua Cidade”, promovido na tarde de terça-feira (30), pela Câmara Municipal de Jequié, não contemplou seu objetivo. Os representantes das entidades da sociedade civil organizada e os cidadãos presentes à Câmara de Vereadores foram cerceados no seu direito/dever a que foram convidados: discutir a cidade. Isso se deu pela inobservância dos "organizadores" do evento do estabelecimento de um mínimo protocolo crível onde fosse preservado o direito ao contraditório, ao embate de ideias, o que é salutar e rico num evento que se queira democrático. Não se pode convidar cidadãos e representantes de entidades para discutir a cidade e não oportunizar a fala dos mesmos. Não se pode deixar que só os atuais mandatários da cidade monopolizem o uso da palavra, com suas verdades axiomáticas, distintas da realizade observada por todo cidadão livre, responsável e consciênte no gozo pleno de suas faculdades mentais em Jequié.


Discorrer aqui sobre o evento tornou-se dispensável. Tudo foi "organizado" de modo que lá só se pronunciariam vozes consoantes ao poder estabelecido no município. No entanto, até para justificar a regra, uma voz cabe ser destacada por ter sido dissonante ao planejado pelos"organizadores" e ter se pronunciado de forma independente. O publicitário Emanoel Andrade, presidente da Associação Jequieense de Imprensa (AJI) em sua palestra intitulada Jequié – Traços da Realidade, explanou sobre a necessidade de medidas que representem a preparação do município para investimentos futuros. Foram citados como exemplos os problemas ocasionados pelo trânsito, poluição ambiental, dificuldade de locomoção das pessoas nas calçadas, além de citar o projeto da ferrovia Fiol pelo grande impacto que tende a promover na economia local, desde que seja construída uma plataforma intermodal na cidade. A capacitação técnica da mão de obra também foi destacada, tendo sido considerado o campus do Instituto Federal de Educação (IFBa), como o grande investimento federal na educação do município “apesar de estar localizado em uma área totalmente despreparada para receber o empreendimento”, ressaltou o presidente da AJI.



Após a palestra inicial foi aberto espaço para os questionamentos da plateia. Só que os "organizadores" queriam ali ouvir somente vozes consoantes e ao surgirem vozes dissonantes, estabelecendo o rico e democrático contraditório de ideias, foi logo "abortado" o dito "protocolo" inicial e mudada a dinâmica do evento que passou a ser somente mais um palanque para se dizer "o mais do mesmo". Os demais palestrantes falaram para uma plateia esvaziada, pois cidadãos livres não tiveram o interesse em ouvir um discurso monocórdio, manietado e monopolizado por uma pequena casta que ora está no poder local. As palmas e apulpos da pequena plateia restante aos interlocutores governistas estavam devidamente remuneradas por indicações em cargos de livre nomeção. Foi um show a parte, dada as instriônicas e trágicas situações a que se prestam determinados atores sociais norsenses: uns de farda, outros de fardões - pobre Academia.



A perspectiva de elaboração de uma Carta-Proposta do Crescimento Sustentável da Cidade de Jequié, propalada pela "organização" a ser posto em prática durante o evento foi frustada, não foi contemplada. Também não se possibilitou a escuta social, o que certamente comprometerá o teor dessa Carta-Proposta se assim for lavrada. Uma nova data ficou de ser marcada para dar continuidade ao Seminário. Tomara que desta vez os "organizadores" contemplem o seu propósito anunciado: Discutir a Cidade. A não ser que nas entrelinhas o propósito seja outro, nada salutar para a sociedade jequieense. Mas, continuaremos de olho!



Foto: Zenilton Meira.

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